quarta-feira, 30 de março de 2011

RETIRO FRATERNO DE MENINOS

 Fundação, construção , funcionamento e desativação.     

  No ano de 1954, Tone, que juntamente com membros da família Trombini, já participara da fundação do Centro Espírita Luz Eterna, situado em Curitiba, no bairro do Pilarzinho, e hoje  uma das mais atuantes casas espíritas da nossa Capital,  resolveu colocar  o seu já conhecido dinamismo na fundação de uma nova casa assistencial aqui em Morretes..  Juntou-se para a empreitada, com mais dois companheiros, os Srs.Aristides José de Morais e Honório Melo,  adquiriu na estrada do Porto de Cima, a dois km da cidade, um terreno de 7 hectares da viúva Maria Dal Negro Marum. e deu início  à execução de um projeto ambicioso que se denominou Retiro Fraterno para Velhos e Meninos. O projeto juntava velhos e meninos num mesmo lugar , mas naturalmente em instalações separadas ,visando uma sadia convivência entre uns e outros. Convencido, com o passar do tempo, de que essa união entre meninos e velhos num mesmo espaço, era de viabilidade duvidosa, resolveu construir primeiramente as instalações para os meninos deixando para mais tarde a parte dos idosos que afinal já tinha na cidade um asilo em funcionamento. Então construiu os pavilhões destinados aos meninos cujo funcionamento devia antecipar-se ao dos idosos e por isso foi criado, como dapartamento assistencial da União Espírita Jesus Maria José com o nome Retiro Fraterno de Meninos. Os pavilhões ainda  estavam   em obras quando surgiu a oportunidade da aquisição de um terreno em frente ao que fora comprado de Dª Maria Dalnegro Marum. Esta propriedade que estaria destinada  ao futuro Retiro para Velhos, foi adquirida no ano de 1963.          O Retiro para Velhos não se concretizou e o terreno, que foi adquirido  com a contribuição de amigos e admiradores do trabalho do Tone teve outro destino. Mas isso é assunto para os próximos capítulos destas anotações.         Antes de começar a falar sobre o Retiro Fraterno de Meninos retrocedamos para tecer comentários sobre o método de trabalho do Tone e de como ele captava os recursos para realizações de tamanho porte. Gozando de conceito excepcional, pela honestidade, pela seriedade com que encarava suas próprias iniciativas, pela facilidade de comunicar-se através de correspondência com figuras representativas em todos os âmbitos(Tone escrevia, muito bem). Relacionava-se maravilhosamente com os políticos, principalmente  os da área da família Malucelli para quem trabalhava e participava das campanhas políticas carreando votos para candidatos que ele sabia terem possibilidades de canalizar recursos tanto para o município de Morretes com para as obras sociais que ele criara a mantinha. Além disso, muito paciente, realizava com persistência mas sem pressa os trabalhos a que se propunha .  Tanto isso é verdade que o Retiro Fraterno de Meninos teve um decurso de 8 anos , entre a compra do terreno,construção e início das atividades.(1954/1962).            Tomadas todas as informações necessárias Tone procurou o então existente Instituto de Assistência ao Menor e firmou um convênio mediante o qual receberia, encaminhados pelo Instituto, 35 meninos mediante o pagamento de um per-capita a título de manutenção. Os meninos fariam parte de um sistema integrado no qual era levada em conta a  faixa de idade. Para o Retiro a faixa era de 10 a 14 anos. Atingida essa idade havia um remanejamento e os meninos eram transferidos para outros orfanatos  quando atingissem a idade limite de 14 anos. Em substituição o Retiro recebia nova leva de meninos dentro da  faixa etária conveniada.             O Retiro era administrado por um diretor, cargo ocupado inicialmente  por uma servidora descendente de japoneses e depois alternadamente por dois confrades voluntários, os Srs. Arthur Momoli e Aristides José de Morais. Estes dois últimos eram militares reformados, o primeiro, Arthur Momoli,  um espírita  atuante em várias casas da capital, tanto no campo doutrinário como assistencial; o segundo, Aristides José de Morais já havia participado na fase de construção do Retiro, fora no passado, aqui em Morretes, instrutor do Tiro de Guerra e ligou-se à família Ferreira pelo casamento com D. Erondina Ferreira Morais, irmã de Percilina Ferreira Mattar(Nharica) e de Juquinha e Chiquinho Ferreira. Aristides José de Morais e Arthur Momoli foram dois grandes amigos que fazem parte de recordações para mim muito caras.                  Poderíamos dividir o período de funcionamento do Retiro em duas etapas. A primeira sob a presidência e a supervisão do Tone que se inicia em 1962,quando teve  início o funcionamento até o ano de 1969 data da desencarnação do querido companheiro. A segunda etapa, de 1969 até 1975, data da desativação do Retiro, em que estivemos substituindo o valoroso Tone tanto na presidência da União Espírita Jesus Maria José como na supervisão dos trabalhos nas entidades assistenciais mantidas.A partir de 1976, o imóvel foi administrado  visando apenas a manutenção  enquanto não se dava a ele um destino adequado. Optou-se pela locação re- sidencial mediante modificações na parte interna das edificações.  Com as rendas foi possível conservá-las até o ano de 2004 quando o imóvel foi vendido e o produto da venda aplicado  em construções que permitiram ampliar as isnstalações do Recanto Fraterno, lar de idosos que funcionava junto à sede.   Entre a desativação do Retiro e a venda do terreno com as benfeitorias existentes decorreram 29 anos.  Em futuras páginas deste blog terei oportunidade de expor e analisar os motivos que nos levaram a desativar e posteriormente vender o terreno e  as benfeitorias do Retiro Fraterno de Meninos.

3 comentários:

  1. Nazir,
    é muito bom ler as historias que você conta. É um privilégio poder contar com tamanha memória viva.
    abs

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  2. Nazir
    Quantas lembranças, è muito bom lembrar e conhecer um pouco mais dessa história, eu conheci o Sr Morais e D.Erondina quando visitavam tia Thereza, e escutava muito minha tia falar do trabalho beneficente de seu Morais no Centro Espírita. Agora através desse BLOG estou tendo oportunidade de conhecer melhor esse trabalho.

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  3. Olá Professor Nazir!
    Bom dia!,tudo bem?

    Professor, quando fiz minha primeira postagem em seu blog, estava certo do que disse. Quando se fala do passado, dos vultos, sem deixar marcas podem até dizer que somos saudosista (como me chamaram estes dias) fato que repudiei com veemência exatamente porque não concordei com meu opositor.

    Mas, quando o senhor professor, se refere ao Retiro Fraterno de Meninos, ficamos emocionados porque morei na vila operária (reta do Porto) desde 1952 (tinhaseis meses) saí dali com 18 anos, posso dizer "eu vi", conhecí, aquele tabalho desenvolvido ali pelo professor Tone.

    Por isso disse (na primeira postagem) que seria um assíduo seguidor de seu blog. Me refiro a maneira com que o senhor, transmite, narra estes fatos, que não ficaram nos contos, nas conversas, mais que daí sairam para se materializarem em obras de grande importância social ao povo de nossa terra. Hoje o senhor nos conta a história do Retiro Fraterno de Meninos, espero aqui outras como: LBA, ORFANATO, HOSPITAL e etc...

    "Um povo sem passado é um povo sem futuro"

    com consideração e respeito
    Um abraço professor Nazir

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