Na publicação com o título “Voltei” editada neste blog no dia 13 de novembro de 2011, descrevi a trajetória do Sr. Frederico Figner, dando ênfase a sua vida como trabalhador espírita, com atividades diversas na Federação Espírita Brasileira, paralelamente às suas atividades comerciais no setor fonográfico. Naquela publicação, entrei em detalhes sobre o livro em que, já na vida espiritual, com o pseudônimo de Irmão Jacó e pela psicografia do nosso Chico, o autor descreve em minúcias o seu despertar “no outro lado”. Disse também que um irmão do Sr. Frederico, chamado Emílio, foi morar em Morretes ensejando-me uma convivência com ele e com a esposa de nome Maria. O casal viveu em Morretes até que a doença que acometeu o Sr. Emílio os levasse ao Rio de Janeiro para tratamento junto aos familiares que lá residiam. Não obstante o tratamento a que foi submetido, o Sr. Emílio desencarnou e dona Maria regressou a Morretes permanecendo na cidade onde se adaptara, até que, por sua vez, cercada pela família que a acolheu, ela igualmente se despedisse. Para completar a descrição de uma vida inteiramente dedicada ao bem, e que trouxe ao nosso país uma valiosíssima contribuição na área da arte musical e na economia, falo agora de um legado precioso do Sr. Figner chamado Retiro dos Artistas, destinado a amparar profissionais da área musical na velhice, num tempo em que não existiam ainda os institutos de previdência. Para tanto, incorporo à presente publicação, um dos inúmeros e-mails onde o fato é descrito e mais os registros fotográficos alusivos. Agradeço a atenção e a paciência dos meus prezados leitores aguardando-os com um abraço, o nosso próximo encontro.
Prof. Nazir
RETIRO DOS ARTISTAS
Fred Figner era um homem à frente do seu tempo e para coroar o sucesso nos negócios decidiu erguer uma residência que espelhasse seu perfil empreendedor. A hoje conhecida Mansão Figner, na Rua Marquês de Abrantes 99, no Flamengo, abriga o Centro Cultural Arte-Sesc e o restaurante Bistrô do Senac. É considerada um exemplo arquitetônico raro de “casa burguesa do início do século 20”. Fred Figner utilizou-a como hospital, em 1918, durante a pandemia conhecida como Gripe Espanhola. Apesar dele próprio estar acometido pela enfermidade, atuou como um prestativo auxiliar de enfermagem, transformando seu palacete em uma improvisada enfermaria de campanha que chegou a abrigar quatorze pacientes em seu interior. Mansão Figner Hoje RETIRO DOS ARTISTAS Fred era um homem generoso e solidário. Pela própria natureza do trabalho nas suas duas gravadoras havia se tornado amigo de muitos músicos e cantores de sucesso. Em uma época que antecedeu à criação da Previdência, ficou consternado com a situação de penúria que alguns desses artistas tinham de enfrentar ao chegar à velhice. Sensibilizado com esse verdadeiro drama social, não titubeou e decidiu doar o terreno, em Jacarepaguá, para a construção da modelar instituição Retiro dos Artistas, que funciona até os dias de hoje. Retiro dos Artistas em Jacarepaguá O FINAL Em 19 de janeiro de 1947, quando faleceu, aos 81 anos de idade, ao se abrir seu testamento, verificou-se que Fred Figner havia destinado parte substancial dos seus bens às obras sociais de Chico Xavier. O jornal carioca A Noite Ilustrada publicou editorial em que o judeu Frederico Figner foi honrado, post-mortem, com o merecido título de “o mais brasileiro de todos os estrangeiros”. | |