sexta-feira, 23 de março de 2012

UM CASO DE E.Q.M.( Experiência de quase morte)

Em minha última postagem prometi trazer a narrativa da experiência vivida pelo meu grande amigo Eloi Fumaneri, com base na entrevista que me foi dada por ele recentemente. Antes disso vamos procurar conhecer o fenômeno que, pesquisado a partir de 1975 tem hoje catalogados dezenas de casos em todo o mundo.
            Garimpando nas fontes , colhi as informações que se seguem:
            O termo experiência de quase morte ou E.Q.M. refere-se a um conjunto de visões e sensações frequentemente associadas a situações de morte iminente por motivo de hipóxia (baixo teor de oxigênio) cerebral geralmente derivada de paradas cardiorrespiratórias, sendo as mais divulgadas o efeito-túnel e a experiência fora-do-corpo(EFC ou OOBE,  também denominada autoscopia). O termo foi cunhado pelo Dr. Raymond Moody em seu livro Vida Depois da Vida, escrito em 1975.
            As pessoas que viveram o fenômeno relatam, geralmente, uma série de experiências comuns, descritas nos estudos de Elizabeth Kubler-Ross(1967) tais como:
·         Um sentimento de paz interior;
·         a sensação de flutuar acima do seu corpo físico;
·         a impressão de estar em um segundo corpo, distinto do corpo físico;
·         a percepção da presença de pessoas à sua volta;
·         a visão de seres espirituais;
·         visão de 360°;
·         sensação de que o tempo passa mais rápido ou mais devagar;
·         ampliação de vários sentidos;
·         a sensação de viajar através de um túnel intensamente iluminado no fundo(efeito túnel);

Nesse espaço a pessoa que vive a EQM percebe a presença do que a maioria descreve como um “ser de luz”, embora seu significado possa variar conforme os arquétipos culturais, a filosofia ou a religião pessoal. O portal entre essas duas dimensões é também descrito como a fronteira entre a vida e a morte. Por vezes, alguns pacientes que viveram essa experiência relatam que tiveram de decidir se queriam ou não regressar à vida física. Muitas vezes falam de um campo, uma porta, uma sebe ou um lago, como uma espécie de barreira que, se atravessada, implicaria não regressarem ao seu corpo físico.

Mudanças psicológicas e comportamentais: após a experiência de quase-morte, muitas pessoas declaram ter alterado seus pontos de vista em relação ao mundo e às outras pessoas. As mudanças comportamentais geralmente  são significativamente positivas, e o principal fator para a mudança é a perda do medo da morte (tanatofobia). Em geral, a pessoa diz enxergar o mundo de maneira mais vívida, ser inundada por sentimento de bondade e amor ao próximo, ter vontade de ajudar os necessitados, sentir abertura a uma forma de religiosidade não dogmática e as crenças orientais como a reencarnação, aceitar-se mais e aceitar mais os outros, perder o sentido da importância do ego e se preocupar menos com as opiniões dos outros. Essas pessoas alegam que passaram a valorizar mais as suas vidas e as dos outros, reavaliaram os seus valores, a ética e as prioridades habituais e tornaram-se mais serenas e confiantes.
             
               Atentemos agora para os acontecimentos protagonizados pelo Sr. Eloi Fumaneri, na recuada data de 21 de novembro de 1992. Acometido de fortes dores abdominais, e atendido pelo Dr. Dilberto Consentino, foi-lhe, por aquele facultativo, diagnosticada uma peritonite aguda, mal que, pela sua gravidade, pedia internamento para uma cirurgia de urgência, o que foi providenciado com o encaminhamento para a Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. Já no nosocômio, por volta das sete da noite, iniciaram-se as providências e os exames que confirmariam o diagnóstico vindo de Morretes: peritonite aguda decorrente de uma apendicite supurada. Às 7,30 teve início a cirurgia que se prolongou até as 4 da madrugada.Nessa hora, já transferido para a UTI, o paciente despertou com muitas dores,  . A partir daqui abramos espaço para que, com suas próprias palavras, o Eloi relate tudo o que se passou com ele.
            -  Deviam ser cinco da manhã quando perdi os sentidos e  comecei a ouvir as palavras dos médicos  e os ruídos  dos aparelhos, permitindo-me entender que eles estavam tentando me reanimar. Logo a seguir encontrei-me em ambiente estranho, as dores desapareceram eu senti que uma mão segurava fortemente o meu ombro direito impedindo que eu me voltasse para identificar o dono da mão. Fui sendo conduzido até chegarmos a um lugar onde um grande número de pessoas se encontrava, todos vestindo uma espécie de quimono de cor marrom e na cabeça um chapéu  também marrom terminando em bico. Tudo indicava que aquelas pessoas participavam de um ritual estranho, pois havia muita fumaça que saía do piso onde se encontravam e das mãos e dos olhos dos próprios seres que ali  estavam. Uma roda estava formada e dentro dela executavam uma espécie de dança, havendo um grupo que parecia comandar e outro que era comandado, estes, constantemente tentando sair da roda sendo impedidos pelos outros que usavam para tal fim uma coisa parecida com ripas de madeira. Gemidos e até uivos eram ouvidos indicando ser aquele um lugar de sofrimento. A certa altura a mão que segurava meu ombro levou-me a fixar um ponto no recinto onde pude ver uma pessoa que eu conhecia e que era já falecida.Depois direcionou para outro ponto e mais outro onde pude ver mais duas pessoas também conhecidas minhas e já falecidas. A seguir ouvi, pela primeira vez a voz do dono da mão que me disse: viu mas não viu, o que me levou a interpretar que me estava vedado revelar quem eram as três pessoas que eu acabara de ver. Finda a primeira fase do acontecimento,  fui reconduzido, sempre pela mão pousada firmemente no meu ombro, ao recinto da UTI, onde acordei, melhor dizendo, ressuscitei, para alívio dos médicos e de minhas irmãs que acompanhavam aflitas os procedimentos médicos.Com a volta  ao  corpo e a recuperação  dos sentidos  senti novamente as fortes dores que  suportei até o novo apagão, por volta das seis horas da manhã.
              Antes de afastar-me de corpo pela segunda vez, pude ainda ouvir os ruídos da instrumentação colocada em serviço para a nova batalha médica visando a minha ressuscitação, a fala dos médicos um dos quais disse; tire essas duas choronas daí, referindo-se a minhas irmãs. E, enquanto a UTI se movimentava para trazer-me da volta eu dava início ao segundo “passeio” no espaço, conduzido de novo pela mão firme pousada em meu ombro. Curioso, mas não podendo olhar para trás, divisei apenas o dedo indicador da mão que me segurava o ombro e me conduzia. Desta vez o ambiente era ao ar livre. Um grande número de pessoas com traje branco, todas tendo  sobre a cabeça uma aura luminosa estavam postadas de frente para três pessoas. Sentado em um trono,um homem de barba avermelhada e um cajado na mão,  ladeado por uma figura masculina com o aspecto de Jesus apresentando uma chaga no ventre e marcas de prego nos antebraços e do outro lado uma mulher jovem, de grande beleza, trajada de branco e com um manto azul na cabeça. O homem e a mulher que ladeavam o ancião sentado no trono, lembravam Jesus e Maria bem como os via em estampas,  pinturas e esculturas encontráveis principalmente nas igrejas. O homem sentado no trono com o cajado na mão, apesar do aspecto de ancião tinha a pele lisa.Percebi pelo movimento dos lábios, que ele falava, mas o som de sua voz não chegava até mim.. Finalmente a mão pousada no meu ombro direcionou-me para o lado e disse-me: vá. E sem me ser possível explicar como, fui impulsionado e daí a instantes lá estava eu novamente no corpo ouvindo todos os ruídos da instrumentação da UTI, as vozes dos médicos e as dores que passei a sentir com grande intensidade.
              Por volta das oito, oito e dez da manhã, novo apagão. Novamente os ruídos da instrumentação médica, as vozes dos médicos na nova tentativa de me ressuscitar.  e novamente a mão no meu ombro que me conduziu para um lugar onde havia uma espécie de parede feita de vidro opaco. A mão pousada no meu ombro esticou-se e abriu uma pequena janela por onde olhei e vi arbustos enfileirados com flores de cores variadas .As fileiras se  estendiam por enorme distância a ponto de perderem-se no horizonte azul. Do ambiente, com uma paisagem muito bonita, vinham sons de vozes humanas que cantavam e também um canto de pássaros semelhantes ao dos pardais. Depois de olhar a paisagem ouvi a voz da entidade que sustinha o braço sobre o meu ombro dizer: aqui vai ser o seu lugar. Imediatamente perguntei: por onde vou entrar? E a resposta veio: você não vai entrar agora, sua missão na Terra ainda não terminou, há pessoas que dependem de você e por isso você vai viver mais um pouco. Aí eu tentei me virar ele me impediu e eu perguntei: quanto vai ser esse pouco? E a resposta dele foi a seguinte: não olhe para trás que atrás estou eu.Vá e anuncie. Regressei novamente ao corpo e com ele a volta dos ruídos, da fala dos médicos e as dores quase insuportáveis. Quando pude abrir os olhos e a visão me permitiu examinar o ambiente da UTI, pude divisar na parte superior de uma das portas uma cruz, símbolo do Cristo e então dirigi-me a ele mentalmente e supliquei  que, se era dele a visão que eu tivera que me libertasse ou me aliviasse das dores insuportáveis que eu estava sentindo . De fato, depois dessa prece senti que as dores foram aliviando a ponto de torná-las suportáveis. Isso tudo por volta das oito e meia. Entre onze e doze horas eu já estava no quarto, sentado na cama e praticamente sem dores. Antes disso um dos médicos que fazia parte da equipe que me atendera, em face da minha surpreendente recuperação disse: se existem milagres, hoje, aqui neste hospital aconteceu um.  Soube depois o porquê dessa afirmação: as pessoas que são vítimas de uma peritonite aguda tem um índice mínimo de sobrevivência. Um por cento, isto  é de cada cem só se salva um.
              Tudo normalizado, quando pude voltar para casa e para as minhas atividades normais, surpreendi-me com  as mudanças que em mim mesmo pude constatar. Além de se manifestar em mim a faculdade das premonições, passsei a enxergar o mundo e as pessoas   com mais amor, com tolerância em relação aos defeitos alheios, com um impulso para ajudar , fosse quem fosse. Em alguns momentos, nem sempre, sou capaz de saber com antecipação se a pessoa com quem estou conversando está falando a verdade. Previ com significativa antecedência o falecimento de meu irmão e de meu cunhado. Se o que aconteceu comigo ajuda e eu estou convicto que sim, sinto-me feliz e só posso agradecer a Deus por tudo.

              Caros amigos: agora eu, deixo de ser mero espectador e retomo a palavra. Agradeço demais a esse amigo, o Eloi, que tem na sinceridade o seu ponto mais alto e que não só por isso tem a minha incondicional admiração, mas também pela sua coragem de expor a verdade  sem a preocupação do julgamento, positivo ou negativo
a que as suas palavras conduzam.  Parabens ao Eloi,
              Um abraço a todos do
              Prof. Nazir