sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

JOÃO LOURENÇO AYROSA(Joanito)


            Entre  os amigos  que o destino colocou no meu caminho e que se situa entre os especiais,  figura o Joanito, pessoa com quem convivi desde a nossa meninice.  Foi dessa convivência, destacando-se o período em que fomos companheiros de atividades doutrinárias e assistênciais, na União Espírita Jesus Maria José,  que nasceu a grande amizade que nos uniu e que perdurou, aqui na vida física, até os primeiros dias deste dezembro de 2012, quando ele nos deixou para reingressar na espiritualidade, onde nossa amizade, certamente continuará, pois a mudança no plano de vida, de forma alguma impedirá que continue existindo esse belo sentimento, que une as almas.

            Para os que pertencem às gerações  mais novas, relembro que Joanito, gerenciou por muitos anos a casa de Comércio pertencente a  um dos grupos da família  Malucelli, aquele capitaneado pelo Sr.Marcos Malucelli, ( o nosso conhecidíssimo “Marquinhos”). O estabelecimento que se situou na esquina das ruas 15 de Novembro com José Morais, está desativado em virtude do encerramento das atividades comerciais do grupo e lá permanece, mantendo-se ainda as paredes da antiga edificação, um ótimo espaço para futuro aproveitamento.

            Joanito, como gerente do estabelecimento, gozava da mais absoluta confiança do titular da empresa, e nessa função permaneceu até entrar no gozo de merecida aposentadoria e nessa condição, ainda morou em Morretes por vários anos, mais precisamente, até o mês de março de 1997. A convivência com os familiares e mais as necessidades relativas à saúde, a exigir assistência médica permanente, fê-los, ele e a esposa Dalila, transferirem-se para Curitiba.

          Abro agora o espaço para comentar, fora do âmbito profissional,  as  atividades doutrinárias e assistenciais com que o Joanito, espírita como eu, nos brindou em sua  fértil existência física. Durante 35 anos (de 1962 a 1997), Joanito foi um colaborador valioso da União  Espírita Jesus Maria José, atuando, durante todo esse tempo, como membro dos Conselhos Deliberativo e Fiscal da entidade, além de nos ajudar nas atividades assistenciais do Recanto Fraterno.

             Depois da transferência para Curitiba, durante um tempo apreciável, Joanito descia a Morretes  de quando em quando,  para atender tarefas de natureza administrativa, ligadas aos bens imóveis que deixara aqui em Morretes, bem como pagar mensalidades de entidades às quais continuava associado. Era o ensejo para recebermos a sua visita juntamente com a esposa Dalila e o filho Roberto.

            Nossos contatos foram se tornando raros por motivo das dificuldades naturais relacionadas à idade e à saúde. Como passei a dividir o meu tempo entre Curitiba e Morretes, agasalhei a idéia de fazer uma visita ao velho companheiro. Essa idéia foi sendo protelada até que me chegou a notícia do falecimento do Roberto, o filho que morava com ele. Então tomei consciência de que a projetada visita não poderia ser mais adiada. Procurei na agenda do celular um número de telefone que eu registrara, tempos atrás. Rezei para que o número não tivesse mudado e fiz a ligação. Fui atendido por ele, disse-lhe que pretendia visita-lo ainda naquele dia, e ele alegremente respondeu que estaria me esperando.

            Com o endereço na mão, tomei um ônibus metropolitano que faz uma das linhas da BR 277 e, logo depois das 14 horas, eu estava sendo recebido efusivamente pelo Joanito e pela Dalila. Durante a tarde conversamos rememorando episódios. Muitas emoções foram vividas por nós ambos, o tempo dilatado de ausência deixara-nos sem notícias, um do outro. Ouvi dele  todos os episódios de sua vida ainda desconhecidos de mim, bem como pude relatar-lhe os de minha própria vida. Era o mesmo Joanito de tantos anos, procurando sempre minimizar os problemas  que sabíamos de difícil solução e que ele enfrentava com muita serenidade no mesmo tempo em que exaltava agradecido todas as coisas boas que a vida lhe oferecia, desde as mais modestas até  as mais significativas. Despedi-me dele, da Dalila e do filho do Roberto, o qual depois do falecimento do pai passara a morar com os avós. Prometi uma nova visita para breve desta vez levando comigo a Zelinda. Não houve tempo. Ao voltar de Curitiba nesta semana,  recebi a notícia da sua desencarnação e do sepultamento de seus restos aqui em Morretes. Nada a lamentar a não ser  a minha ausência no sepultamento e a oportunidade perdida de abraçar os familiares e levar-lhes a palavra amiga, pois a separação embora momentânea, é sempre dolorosa .. Ao Joanito, os meus votos de feliz retorno à pátria verdadeira, muito júbilo pelo reencontro com os entes queridos que já lá se encontram, ansiosos por abraçá-lo, e muito   êxito nas novas etapas que o esperam nos futuros caminhos para o progresso espiritual.

                Do amigo Nazir.