Escrever um livro de memórias era um projeto que eu vinha acalentando desde que entrei para o clube dos setuagenários. O tempo foi passando, o projeto não se concretizou e agora, faltando apenas alguns dias para completar oitenta e três, (mudei de clube, agora sou octogenário) e depois de várias mudanças que já vinham acontecendo nos últimos anos, penso que chegou a hora. Isso justifica o título desta página. Desembaraçado dos últimos encargos aos quais estava vinculado por responsabilidades voluntárias, há muito tempo assumidas, posso agora entregar-me às tarefas que na concretização do projeto me esperam.
Achei mais prático dividi-los em duas etapas. Na primeira, as páginas escolhidas serão apresentadas num blog, antecipando-as desse modo na apresentação ao público, colhendo com essa providência a reação dos leitores e permitindo uma nova escolha nas páginas já escolhidas que se tornariam definitivas para a composição do livro.
Há muito o que dizer. Conseguindo fazê-lo de forma didática, espero continuar servindo à comunidade, utilizando-me da comunicação proporcionada pelo blog para melhorar a cultura de quem me lê, Para dar uma idéia das fontes a que recorrerei basta mencionar algumas delas. Dos quase 83 anos de vida física que, graças à Bondade Divina pude até agora incorporar ao meu acervo, 76 o foram em solo morretense. A diferença de 7 anos refere-se ao tempo que saí para estudar .
Profissionalmente comecei, lá pelos idos de 1952, exercendo a contabilidade, chegando a abrir um escritório onde, além das escritas, eram executados serviços gerais (emissão de recibos, promissórias, contratos, defesas fiscais.) . Durou 10 anos essa atividade. Nesse período, como não havia profissionais em número suficiente na área jurídica e do magistério, fui convidado, assim como outras pessoas com condições, para prestar serviços gratuitos, como professor, na Escola Técnica de Comércio, fundada em 1955, e na Justiça como defensor dativo, para atuar nos processos em que réus pobres não podiam contratar advogado. Essas duas experiências foram para mim muito valiosas. A primeira delas abriu caminho para que eu ingressasse na carreira de professor onde me firmei depois de obter o diploma de Letras Neolatinas na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá e prestar dois concursos na área estadual que ensejou-me em épocas diferentes ingressar no quadro de professor efetivo do Estado, na disciplina de Português e Literatura, com lotação no Colégio Estadual Rocha Pombo. Na Escola Técnica de Comércio, tive a oportunidade de exercer o magistério em várias disciplinas, e de servir como Diretor, função na qual sucedi o saudoso Marcos Luiz De Bona. A Escola Técnica de Comércio foi estadualizada em 1958 e nessa condição somou 25 anos de funcionamento, período em que a função de Diretor foi dividida entre o ilustre morretense Marcos Luiz de Bona, já mencionado, que esteve à frente da Escola durante os primeiros seis anos(da fundação até fins de 1960) e a minha pessoa, os dezenove anos restantes, (de 1961 até fins de 1979). Nesse ano a Escola foi desativada e o curso de contabilidade foi absorvido pelo Colégio Estadual Rocha Pombo. Idêntico fato ocorreu com a Escola Normal cujo curso foi igualmente absorvido. Os dois diretores, eu e a professora Maria Amália Alpendre Valério, ela em exercício na Escola Normal, fomos aproveitados como Diretores Auxiliares nos cursos que dirigíamos anteriormente, e que passaram a ser oferecidos pelo Colégio Estadual Rocha Pombo. Lá permaneci, ainda por quatro anos quando então me aposentei.
Retrocedamos a 1952. Naquele ano, tendo me tornado espírita, passei a freqüentar os trabalhos que, na área doutrinária, eram realizados pela União Espírita Beneficente Jesus Maria José. Esse fato me propiciou a convivência com outro morretense de valor, o Sr. Antonio José Gonçalves Filho, o Tone. A casa espírita sob a direção dele, iniciara anos antes, no espaçoso terreno de que dispunha, uma instituição assistencial que compreendia pequenas casas de madeira destinadas a atender com moradia, pessoas em situação difícil, principalmente viúvas oriundas do meio rural. Quando ingressei e me tornei um trabalhador da casa, Tone estava mandando construir as últimas das quinze casas que deveriam compor a parte assistêncial do Centro Espírita. Fui aos poucos como fruto da convivência com o Tone e com os estudos a que me dediquei, aprendendo tudo o que dizia respeito à Doutrina Espírita e à assistência social, tendo acompanhado a fundação do Retiro Fraterno de Meninos. Este, juntamente com o então denominado Asilo à Velhice Desamparada de Morretes passou a constituir a área assistencial da União Espírita Jesus Maria José. Tone, com sua imensa prática em todos os campos do conhecimento, foi não apenas o meu mentor nas atividades relativas à Casa Espírita, como também o meu orientador no escritório que eu montara para a execução de serviços contábeis e outros correlatos. Resumindo: minha atuação na União Espírita Jesus Maria José, somou, contado o tempo entre os anos de 1952 a 2010, 57anos. Nesse período, merecem registro os seguintes acontecimentos:
· Em 1969, aos 59 anos, Tone desencarnou, depois de liderar o movimento espírita em Morretes pelo espaço de 33 anos(de 1936 a 1969).
· Em 1975, O Retiro Fraterno de Meninos foi desativado e o Asilo à Velhice Desamparada de Morretes passou a denominar-se Recanto Fraterno.
· A partir de 1969, assumi a presidência da União Espírita Jesus Maria José, exercendo-a pelo espaço de 37 anos compreendidos entre os anos de 1969 e 2004.
· Em 2004, assumi a tesouraria da instituição, permanecendo nessa função até o dia 5 de janeiro 2010,
· Em dezembro de 2009 o Recanto Fraterno , foi desativado.
· Em 5 de janeiro de 2010 disputando a eleição para o Conselho Deliberativo e não conseguindo reeleger-me decidi afastar-me do Movimento Espírita representado aqui em Morretes pela União Espírita Jesus Maria José.
Mencionei acima as fontes utilizáveis para a elaboração das Páginas Escolhidas no blog que tem no texto de hoje seu ponto de partida. Se na menção dessas fontes surgiram pontos de interrogação eles serão respondidos na medida em que novas páginas passarem a integrar este blog.
Que possamos todos nós colher benefícios deste trabalho que hoje se inicia, ressalvando que o maior beneficiado, se tudo correr bem como espero, serei eu mesmo, que assim poderei cumprir uma promessa que fiz e mim mesmo e aos amigos que me incentivaram.
Até a próxima.