quinta-feira, 10 de março de 2011

MEU AFASTAMENTO DA UNIÃO ESPÍRITA JESUS MARIA JOSÉ

        Nas páginas anteriores, pontos de partida para o início dos trabalhos relativos a este blog, falei da minha jornada pela União Espírita Jesus Maria José, que se iniciou em 1952 e se encerrou em 2010, depois de 57 anos de integração, com exercício em vários cargos na entidade. Disse também que  as interrogações que surgissem na nova caminhada,  seriam respondidas nas páginas posteriores. As presentes, com o título que as encima, responde interrogações que certamente foram formuladas pelos leitores.
No dia 5 de janeiro de 2010, realizaram-se as eleições, em assembléia geral, para a escolha do Conselho Deliberativo da União Espírita Jesus Maria José, para a gestão 2010/2011,  em seguida a qual,   já no âmbito da Conselho escolhido, seria eleita a Diretoria executiva da entidade.
          Integrando o Conselho Deliberativo desde 1954, e nele permanecendo, ininterruptamente, até o dia 5 de janeiro de 2010, completando portanto 56  anos de permanência, dele fui excluído na eleição que então se realizou . A exclusão significava que eu não poderia exercer mais nenhum cargo de Dire- tória,  mas poderia, como simples freqüentador, assistir aos trabalhos públicos de exposição e passes, integrar grupos de estudo e até mesmo representar a entidade em um dos inúmeros conselhos municipais. Em condições normais era o que eu deveria fazer. Mas os acontecimentos  recomendaram-me pruden-
cia, porque   a extinção do departamento assistencial Recanto Fraterno, acirrou os ânimos de tal maneira, que o ambiente, no dia em que se feriram as eleições, ficou pesadíssimo. Antes da votação, pronunciamentos com críticas severas ao fechamento, e até um pequeno discurso apelativo fizeram-se ouvir. E isso tudo, apesar dos argumentos pró extinção, da publicação em jornal local de matéria explicativa que , quer me parecer, não deixavam dúvidas sobre a necessidade até  mesmo urgente do fechamento do Recanto.
               Senti que eu era o alvo principal das hostilidades quando, no salão  onde seriam realizadas as eleições, as pessoas, a maioria delas companheiras de atividades doutrinárias há muitos anos, evitavam aproximar-se de mim. Dava a impressão que se sentiam vigiadas e que qualquer contacto comigo poderia comprometê-las. Aquela eleição, diferente das outras, nas quais as escolhas  se davam sempre por aclamação , (modalidade permitida pelo estatuto) desta vez tivera de tudo, inclusive campanha  que, muito bem planejada, visava impedir a minha recondução ao Conselho Deliberativo.  O resultado não podia ser outro. Com uma votação ridícula consumou-se a minha exclusão.
                 Por isso resolvi  afastar-me, depois, naturalmente, de sair do estado de perplexidade em que me encontrava, quando então “caiu a ficha” e encarei a realidade. Permanecer fazendo presença num ambiente de ânimos tão exaltados poderia ser interpretado como desafio e aí a possibilidade de confrontos que deveriam ser evitados a todo custo. Dar um tempo e deixar que o futuro decida quais os rumos que devo tomar foi o que decidi. Quero no entanto esclarecer que não me  afasto da Doutrina Espírita e sim do movimento espírita de Morretes.  Para  definir as diferenças que existem entre uma e outro, transcrevo abaixo as explicações esclarecedoras:
                 A Doutrinta Espírita é o conjunto de princípios básicos, codificados por Kardec, que constituem o Espiritismo. Esses princípios estão contidos nas cinco obras fundamentais, codificadas pelo Mestre Lionês.
               Movimento Espírita é o conjunto das atividades desenvolvidas pelos Espíritas,  para colocar em prática a Doutrinta Espírita, através dos Centros, com congressos, seminários, cursos, palestras, atendimento fraterno, livros, apostilas, encontros fraternos etc. O movimento Espírita é um meio para se aplicar a Doutrina, para se divulgar seus princípios, e, principalmente, para se exercitar a vivência de seus postulados.
            A Doutrinta Espírita está imune a deturpações, porque possui um corpo doutrinário, fundamentado na lógica  e na razão, sem dogmas ou mistificações, respaldado pela coerência do método investigativo,usado por Kardec, para atestar as informações dos espíritos comunicantes, dando, portanto, solidez aos princípios  consagrados nas obras da Codificação.
             Já o Movimento Espírita não  goza da mesma imunidade, por ser movimento  livre de pessoas e instituições humanas, por isso mesmo, passíveis de erro, exigindo, de cada espírita e de cada  grupo ou Centro Espírita, uma vigilância constante para que nenhuma deturpação possa comprometer a pureza doutrinária. (*)                                                                  
              Dá para entender que o Movimento Espírita é constituido de agrupamentos de pessoas, em torno dos centros espíritas, estes funcionando como entidades independentes, no regime de associativismo, com estatuto próprio e não obedecendo a qualquer órgão hierarquicamente superior que “dite as regras”. As Federações , e como exemplo citamos a Federação Espírita do Paraná,  não interferem na vida das casas espíritas a elas filiadas, apenas orientado-as quando para isso são solicitadas. Daí os acontecimentos, perfeitamente normais numa sucessão de Diretoria sendo apenas lamentáveis, em minha visão, as atitudes extremadas, que compuseram o quadro sucessório
nas eleições de 5 de janeiro de 2010.
                 Ainda não me decidi quanto aos rumos  a seguir em relação a minha
reintegração ou não no Movimento Espírita e nisso, fatores  importantes deverão ser considerados, como a minha idade,  que está a exigir um ritmo mais moderado nas tarefas a que me dispuser abraçar.
                 Por enquanto, atividades não comprometidas com qualquer  núcleo do Movimento Espírita, como a que estou praticando neste momento: escrevendo para dar conhecimento, aos poucos, da minha longa experência nos campos doutrinário e assistencial, e transmiti-las ao público interessado,  utlilizando-me dos meios de divulgação disponíveis no momento.
         Quanto à União Espírita Jesus Maria José, posso dizer, como simples observador, que tendo cessado nela apenas a atividade assistencial,  continua em pleno funcionamento no cumprimento de sua função precípua que é trabalhar na divulgação na Doutrina Espírita. Conquanto esteja  afastado, por entender que em favor dela é o melhor que posso fazer no momento, há de minha parte uma ligação sentimental  muito forte.  Afinal  a veneranda casa espírita não foi apenas o aconchego que, ainda jovem encontrei, e que me proporcionou abrigo seguro no mar de dúvidas  em que eu navegava aflito. Foi também a oficina abençoada de trabalho que através dos anos me propiciou um aprendizado valiosíssimo.
         Até a próxima.
          Prof. Nazir

(*)  Em negrito: Excerto do artigo publicado na Revista Internacional do Espiritismo, edição de julho de 2010, sob o título  “Doutrina Espírita e Movimento Espírita” de autoria do Sr. Edgard Abreu, espírita que milita
no município de Praia Grande, interior paulista.

5 comentários:

  1. O Prof. Nazir durante 52 anos executou um trabalho no Grupo Espirita Jesus Maria José, de Morretes, atendendo espiritualmente a um "PODER SUPERIOR". Entretanto pessoas entenderam que, afastando-o,poderiam fazer mais ou então alterar o que até o momento tinha sido executado. Muitas vezes estas ações trazem escondido o pecado da inveja. Foram tentados e aceitaram. A propósito, este é o tema do Evangelho de Jeus Cristo do dia de hoje (13/03).

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  2. Nazir,
    parabens pela postagem. Estou aqui sempre aguardando uma nova história, obrigada por compartilhar conosco um pedacinho da sua vida.
    abs

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  3. O coração do Nazir sangrou pela segunda vez em sua vida a primeira eu não estava presente foi com a morte prematura do seu filho Mauricio,seu maior amigo e companheiro tão longe da sua terra natal Morretes,quanta dor nós que estamos de fora só temos uma noção do seu sofrimento a dimensão só ele sabe.
    Sua fé e o trabalho no centro amenizou e ajudou a superar tanto sofrimento.
    Na segunda vez eu estava caminhei lado a lado com ele vendo aquele homem de 82 anos que dedicou sua vida com amor, honestidade e muita doação para essa instituição, sair daquela maneira, não teve uma criatura humana que conversasse com ele ou comigo explicando a situação e tudo o que estava acontecendo, ele teria saído, sem ter que passar por tamanha humilhação.
    O Nazir nunca teria deixado um companheiro,passar pelo que ele passou, iria conversar e avisar o que estava acontecendo e estaria ao seu lado dando o maior apoio neste momento difícil isso é ser cristão.
    Desculpe o meu desabafo, mas mataram seu filho pela segunda vez a dor foi á mesma. Zelinda De Bona

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  4. Nazir,
    parabéns pela sua luta sempre honrada e sábia pelos caminhos da vida.
    abs

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  5. O coração do Nazir sangrou pela segunda vez em sua vida a primeira eu não estava presente foi com a morte prematura do seu filho Mauricio,seu maior amigo e companheiro tão longe da sua terra natal Morretes,quanta dor nós que estamos de fora só temos uma noção do seu sofrimento a dimensão só ele sabe.
    Sua fé e o trabalho no centro amenizou e ajudou a superar tanto sofrimento.
    Na segunda vez eu estava caminhei lado a lado com ele vendo aquele homem de 82 anos que dedicou sua vida com amor, honestidade e muita doação para essa instituição, sair daquela maneira, não teve uma criatura humana que conversasse com ele ou comigo explicando a situação e tudo o que estava acontecendo, ele teria saído, sem ter que passar por tamanha humilhação.
    O Nazir nunca teria deixado um companheiro,passar pelo que ele passou, iria conversar e avisar o que estava acontecendo e estaria ao seu lado dando o maior apoio neste momento difícil isso é ser cristão.
    Desculpe o meu desabafo, mas mataram seu filho pela segunda vez a dor foi á mesma. Zelinda De Bona

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