domingo, 5 de abril de 2015

LONGíNUS



LONGINUS

      Segundo nos relatam os evangelhos, um militar romano,  atravessou com uma lança, o corpo do Mestre, pendente na cruz, para que, se Ele ainda vivo estivesse , sua morte fosse apressada e, constatada ela, fosse garantido o respeito à  lei judaica que determinava já deverem estar cumpridas as execuções dos condenados, no dia seguinte ao da crucificação, dia de sábado.  Como nenhum dos evangelistas cita o nome do militar romano  que faria parte da guarnição presente no episódio da crucificação, preferi, para falar dele, usar como fonte de pesquisa e informação uma obra psicografada. Antes, com a permissão dos meus tolerantes leitores, principalmente os não espíritas, que sei que me lêem,  quero  justificar a escolha dessa fonte.

            Essenciais para que a psicografia aconteça e que dela brotem, desde simples mensagens até livros em grande número, dois  fatores: o medianeiro, que  também chamamos médium, ou seja, aquele  encarnado que tem a faculdade de fazer chegar até  nós outros, com exatidão, o que o espírito transmite pela psicografia; o espírito comunicante, autor do trabalho, que o faz valendo-se dos conhecimentos hauridos nas inúmeras existências já vividas por aqui, e dos arquivos do mundo espiritual que possui, em avançadíssimos sistemas  colocados à disposição dos pesquisadores  do  lado de lá,  todos os relatos sobre a história da humanidade.

            Ambos, medianeiro e espírito comunicante, devem inspirar-nos confiança na autenticidade de que tudo o que relatam é autêntico, e para isso concorrem as convicções que muitos anos de estudo nos propiciaram: a codificação comandada por Allan Kardec e contida nos cinco livros básicos do Espiritismo; a moral inatacável de Francisco Cândido Xavier, o medianeiro, e a demonstração clara e insofismável da autoria do escritor Humberto de Campos do livro que  serviu de fonte para falarmos de Longinus, o legionário romano que se tornaria cristão e que seria martirizado e morto como o foram      tantos outros mártires do Cristianismo. O livro que tem o título “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”,  conta a história do Brasil de acordo com os planos que no Mundo Espiritual foram traçados e que deverão levar a nossa  Pátria a desempenhar importantíssimo papel no futuro do mundo, pode ser lido por qualquer interessado, bastando que procure para empréstimo em qualquer centro espírita que possua biblioteca. ou que  o  adquira numa das livrarias que tenha um setor de livros espíritas. É bom lembrar que a Federação Espírita do Paraná mantém na praça Osório, esquina com Alameda Cabral a Livraria Mundo Espírita onde o livro certamente pode ser encontrado Situemo-nos agora no capítulo 20 do livro, que tem o título D.PEDRO II . É nele,que depois de referir-se aos episódios da independência no capítulo anterior, Humberto de Campos dá continuidade às referências sobre o fatos históricos,e nos dá a conhecer o personagem, em foco nesta página.   Passemos então a palavra ao escritor:



            “Definitivamente proclamada a Independência do Brasil, Ismael leva ao Divino Mestre o relato de todas as conquistas verificadas, solicitando o amparo do seu coração compassivo e misericordioso  para a organização política e social da Pátria do Evangelho.

            Corriam os primeiros meses de 1824, encontrando-se a emancipação do país mais ou menos consolidada perante a metrópole portuguesa. As últimas tropas reacionárias já se haviam recolhido a Lisboa sob a pressão da esquadra brasileira nas águas baianas.

            No Rio de Janeiro, transbordavam esperanças em todos os corações; mas os estadistas topavam com dificuldades para a organização estatal da terra do cruzeiro. A Constituição, depois de    calorosos debates e dos famosos incidentes    dos Andradas, incidentes que haviam terminado com a dissolução da Assembléia Constituinte e com o exílio,  desses notáveis brasileiros, só fora aclamada e jurada justamente naquela época,, a 25 de marco de 1824. Nesse dia, findava a mais difícil  de todas as etapas da independência e o coração inquieto do primeiro imperador podia gabar-se de haver refletido, muitas vezes, naqueles dias turbulentos, os ditames dos emissários invisíveis que revestiram as suas energias de novas claridades para o formal desempenho da sua tarefa nos primeiros anos de liberdade da pátria.

            Recebendo as   confidências de Ismael, que apelava para a sua misericórdia infinita, considerou o Senhor a necessidade de polarizar as atividades do Brasil num centro de exemplos e de virtudes para modelo geral de todos. Chamando Longínus a sua presença, falou com bondade:

            -- Longínus, entre as nações do orbe terrestre, organizei o Brasil como o coração do mundo. Minha assistência misericordiosa tem velado constantemente pelos seus destinos e, inspirando a Ismael e seus companheiros do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das nações ricas e poderosas fragmentassem o seu vasto território,cuja configuração geográfica representa o órgão do sentimento no planeta,como um coração que deverá pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva e cuja evolução terá de dispensar, logicamente, a presença contínua dos meus emissários para a solução de seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os povos têm a sua maioridade, como os indivíduos, e se bem não os percam de vista os gênios tutelares do mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a liberdade de ação, a fim de aferirmos o aproveitamento das lições que lhe foram prodigalizadas.

“Sente-se o teu coração com a necessária fortaleza para cumprir uma grande missão na Pátria do Evangelho?

      - Senhor – respondeu Longínus, num misto de espectativa angustiosa e de refletida esperança – bem conheceis o meu elevado propósito de aprender as vossas lições divinas e de servir à causa das vossas bondades sublimes, na face triste da Terra. Muitas existências de dor tenho voluntariamente experimentado, para gravar no íntimo do meu espírito a compreensão do vosso amor infinito, que não pude entender ao pé da cruz dos vossos martírios no Calvário, em razão dos espinhos da vaidade e da impenitência, que sufocavam naquele tempo, a minha alma. Assim, é com indizível alegria, Senhor, que receberei vossa incumbência para trabalhar na terra generosa, onde se encontra a árvore magnânima da vossa inesgotável misericórdia.

Seja qual for o gênero de serviços que me forem confiados, acolherei as vossas determinações como um sagrado ministério.

            -Pois bem- redargüiu Jesus com grande piedade - essa missão se for bem cumprida por ti, constituirá a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem o máximo de renúncias e devotamentos. Serás imperador do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita maioridade, como nação. Concentrarás o poder e autoridade para beneficiar a todos os seus filhos. Não é preciso encarecer aos teus olhos a delicadeza e  sublimidade desse mandato porque os reis terrestres quando bem compenetrados das suas elevadas obrigações diante das leis divinas,sentem nas suas coroas efêmeras um peso maior que o das algemas dos forçados. Autoridade, como a riqueza, é um patrimônio terrível para os espíritos inconscientes dos seus grandes deveres. Dos teus esforços se exigirá mais de meio século de lutas e dedicações permanentes. Inspirarei as tuas atividades; mas considera sempre a responsabilidade que permanecerá nas tuas mãos. Ampara os fracos e os desvalidos, corrige as leis despóticas e inaugura um novo período de progresso moral para o povo  das terras do Cruzeiro. Institui, por toda parte, o regime do respeito e da paz no continente,  e lembra-te da prudência e da fraternidade que deverá manter o país nas suas relações com as nacionalidades vizinhas. Nas lutas internacionais, guarda a tua espada na bainha e espera o pronunciamento da minha justiça, que surgirá sempre, no momento oportuno. Fisicamente consideradas, todas as nações constituem o patrimônio comum da humanidade e,se algum dia for o Brasil menosprezado, saberei providenciar para que sejam devidamente restabelecidos os princípios da justiça e da fraternidade universal. Procura aliviar o  os padecimentos daqueles que sofrem nos martírios do cativeiro, cuja abolição se verificará nos últimos tempos do teu reinado. Tuas lides terminarão ao fim deste século, e não deves esperar a gratidão dos teus contemporâneos; ao fim delas será alijado da tua posição por aqueles mesmos a quem proporcionares os elementos  de cultura e liberdade. As mãos aduladoras, que buscam a proteção das tuas, voltarão aos teus palácios transitórios, para assinar o decreto da tua expulsão do solo abençoado, onde semearás o respeito e a honra, o amor e o dever, com as lágrimas redentoras dos teus sacrifícios. Contudo, amparar-te-ei o coração nos angustiosos  transes do teu último resgate no planeta das sombras. Nos dias da amargura final,minha luz descerá sobre teus cabelos brancos, santificando a tua morte. Conserva as tuas esperanças na minha misericórdia, porque, se observares as minhas recomendações, não cairá uma gota de sangue no instante amargo em que experimentares o teu coração igualmente  trespassado pelo gládio da ingratidão.  A posteridade porém, saberá descobrir na marca dos teus passos na terra, para se firmar no roteiro da paz e da missão evangélica  do Brasil.

            Longínus recebeu com humildade a designação de Jesus, implorando o socorro de suas inspirações divinas para a grande tarefa do trono.

            Ele nasceria no ramo enfermo da família dos Braganças; mas todas as enfermidades têm na alma as suas raízes profundas. Se muitas vezes parece permanecer a herança psicológica, é que o sagrado instituto da família, dentro da lei das afinidades, frequentemente se perpetua no infinito do tempo. Os antepassados e seus descendentes, espiritualmente considerados, são, às vezes,  as mesmas figuras sob nomes vários, na árvore genealógica, obedecendo aos sábios dispositivos da lei de reencarnação. Foi assim que Longínus preparou sua volta à Terra, depois de outras existências tecidas de abnegações edificantes em favor da humanidade e, no dia 2 de dezembro de 1825,  nascia de D Leopoldina, a virtuosa esposa de D. Pedro,aquele que seria no Brasil o grande imperador e que, na expressão de seus próprio adversários, seria o maior de todos os republicanos de sua pátria.”



            Voltemos agora ao plano espiritual imaginando um reencontro de Longínus, tendo já envergado a vestimenta física como imperador do Brasi, com Jesus que lhe outorgara o mandato, honrado com galhardia pelo fiel servidor.   Alguns traços biográficos garimpados aqui e ali que transcrevo dão-nos uma idéia, começando com a honrosa alcunha de “o magnânimo”.

            Herdando um império no limiar da desintegração Pedro II transformou o Brasil numa potência emergente internacional, a nação cresceu para disatinguir-se de seus vizinhos hispano-americanos devido a sua estabilidade política, a liberdade de expressão, zelosamente defendida, respeito aos direitos civis, a seu crescimento econômico vibrante e especialmente por sua forma de governo, uma funcional monarquia parlamentar constitucional.

            Apesar de não haver desejo de uma mudança na forma de governo da maior parte dos brasileiros, o Imperador foi retirado do poder num súbito golpe de estado que não tinha maior apoio fora de um pequeno grupo de líderes militares que desejavam uma república governada por um ditador. Pedro II havia se cansado da posição de imperador e se tornado desiludido quanto às perspectivas do futuro da monarquia apesar de ser grande apoio popular. Ele não permitiu qualquer medida contra  sua remoção e não apoiou qualquer tentativa de  restauração da monarquia. Passou os seus últimos dois anos na Europa vivendo só e com poucos recursos. O reinado de Pedro II veio a um final incomum – ele foi deposto apesar de altamente apreciado pelo povo e no auge de sua popularidade e algumas de suas realizações logo foram desfeitas visto que o Brasil deslizou para um longo período de governos fracos, ditaduras e crises constitucionais e econômicas. Os homens que o exilaram logo começaram a enxergá-lo como um modelo para a república brasileira. Algumas décadas após sua morte sua reputação foi restaurada e seus restos mortais foram trazidos de volta ao Brasil como os de um herói nacional. Sua reputação perdura até o presente. Os historiadores o enxergam numa visão extremamente positiva sendo considerado por vários o maior brasileiro.

            Pedro II era também poeta, fruto do seu amor à cultura à qual deu a maior importância no seu reinado. De sua produção poética transcrevo seis sonetos: o primeiro composto  quando, ainda na vida física, mas já no exílio está contido na História poética do Brasil de Jamil Almansur Haddad. Os outros cinco, figuram no Parnaso de Além Túmulo, livro de poesias mediúnicas sobre o qual já tratei numa postagem deste blog:



              (Sem título)

Não maldigo o rigor da iníqua sorte

Por mais atroz que seja e sem piedade

Arrancando-me o trono e a majestade

Quando a dois passos só estou da morte



Do pego das paixões minha alma forte

Conhece a fundo a dura realidade

Pois se agora nos dá felicidade

Amanhã tira o bem que nos conforte



Mas a dor que excrucia, a que maltrata,

A dor cruel que o ânimo deplora

Que fere o coração e quase mata,



É ver da mão fugir à extrema hora

A mesma boca lisonjeira e ingrata

que tantos beijos nela pôs outrora!

Transcritas do Parnaso de Além Túmulo



                        MEU BRASIL

Longe do meu Brasil, triste e saudoso

Bastas vezes sentia, mal desperto,

Com o coração pulsando, estar já perto

Do pátrio lar risonho e bonançoso.



E deplorava o rumo escuro e incerto

Do meu desterro amargo e desditoso,

Desalentado e fraco, sem repouso,

O coração em úlceras aberto.



Enviava a chorar, na aura fagueira,

Minhas recordações em terna prece

Ao torrão que adorara a vida inteira;



Até que a acerba dor, enfim, pudesse

Arrebatar-me à vida  verdadeira.

Onde a luz da verdade resplandece.            





            ROGATIVA

Magnânimo Senhor que os orbes cria

Povoando o Universo ilimitado,

Que dá pão ao faminto e ao desgraçado

E ao sofredor os raios da alegria,



Se, de novo, no mundo, desterrado,

Necessitar viver inda algum dia,

Que regresse ditoso ao solo amado

Da generosa pátria que eu queria



Se é mister retornar a um novo exílio,

Seja o Brasil, lá onde eu desejara

Ter vertido o meu pranto derradeiro



Que, novamente viva sob o brilho

Da mesma luz gloriosa que eu amara,

Na alcandorada terra do Cruzeiro. 





PÁGINAS DE GRATIDÃO

Tangendo as cordas da harpa da saudade,

Venho ao Brasil buscar a essência pura

Do amor da pátria minha, da doçura

Da flor cheia do aroma da amizade



Prende-me o coração a suavidade

Desse arroubo de afeto e de ternura

Dalma do povo meu, que de ventura

E de alegria o espírito me invade



Do misterioso aquém da morte eu vejo

Sentindo, essa onda intensa e luminosa

Da afeição, que idealiza o meu desejo:



E tendo a gratidão por companheira

Volvo ao pátrio torrão de alma saudosa,

Amando mais a Terra Brasileira



               ORAÇÃO AO CRUZEIRO

       (No cinqüentenário da Abolição)

Luminosas estrelas do cruzeiro

Iluminai a terra da Esperança

Na doce proteção de um povo inteiro

Onde a mão de Jesus desce e descansa.



Símbolo sacrossanto de aliança

De paz e amor do Eterno Pegureiro,

Guardai as claridades da Bonança

Na vastidão do solo brasileiro.



Constelação da Cruz cheia de graças

Transfundi numa só todas as raças,

No país da esperança e da bondade



Que o Brasil,sob a luz da tua glória,

Posso escrever, no mundo, a grande história

Das epopéias da Fraternidade.

  



              BRASIL DO BEM

Eis que o campo de sombra se esfacela

No doloroso e amargo cativeiro

Da guerra que ameaça o mundo inteiro,

Qual furacão no auge da procela



Mas na amplidão do solo brasileiro

Outra expressão de vida se revela

Nalma cariciosa, heroica e bela,

Que se engrandece ao brilho do Cruzeiro



Grande Brasil do Bem e da Abastança,

Deus te guarde os tesouros da esperança,

Desde as luzes dos céus à luz dos ninhos!



Segue à frente  do mundo aflito e errante

E alça o pendão pacífico e triunfante,

Como a doce promessa nos caminhos!...



            Caro leitor:

Agradeço a sua atenção e paciência.Até a próxima. Com os abraços do

             Prof. Nazir