Em minha postagem do dia
31 de outubro de 2011, sob o título “Largo do Aconchego” mencionei a troca de correspondência entre
mim e o poeta morretense radicado em Ponta Grossa, Lycurgo Negrão. Na crônica,
faço menção ao retorno de uma das cartas
a mim enviada e devolvida pelo correio, que acabou dando motivo a que eu
escrevesse o artigo, enviando-o, em anexo, ao Lycurgo. A carta que enviei a
ele, a resposta que recebi juntamente com os versos em torno do assunto ,demonstrando as qualidades do notável
trovador morretense que me honra com a sua amizade, encontram—se nas
correspondências que trocamos e que, por entender que merecem registro, vão
adiante transcritas:
De mim para o Lycurgo:
Morretes,24 de março de 2001
Prezado amigo Lycurgo:
Depois da ida e volta de sua correspondência volto a ligar-me com você e
agora usando esta máquina que está sempre a nos dar rasteiras. De fato eu já
estava com a sua carta pronta, quando senão quando, possivelmente por um toque
errado numa das teclas, sumiu o que eu
havia escrito. E toca a escrever tudo novamente.
É o que dá. A
gente não quer ficar para trás, parte para a comunicação eletrônica e
até ficar plenamente habilitado no uso dela,apanha-se bastante.
Mas, falemos do Largo do Aconchego, nome
poético que poderia ser ressuscitado, desde que sugeríssemos a um dos
vereadores, e ele entrasse com o projeto para a mudança. Mas aí vem o pior.
Onde colocaríamos o José Pereira dos Santos Andrade? Embora não seja morretense
de nascimento, ele nasceu em Paranaguá, tinha suas raízes aqui. Presidente da
Província no período de 1896 a 1900, foi figura brilhante, tanto nesse cargo
como nos inúmeros outros que ocupou.
Veja você que a denominação do nosso Largo, só com essas trocas de nome já vem
fazendo história. Primeiro era Largo Dr. José Pereira esquecendo-se o Santos
Andrade. Segundo consta ele era conhecido aqui como o “Zé Pereira”. Anos atrás
o prefeito da época entendeu que o nome do logradouro deveria ter o nome
completo do homenageado. E mandou
projeto para a Câmara mudando para Largo Dr. José Pereira dos Santos Andrade.
Ficou quilométrico. Antes ficasse Dr.
José Pereira. Ou mudasse para Santos Andrade como é a denominação da praça em
Curitiba. A verdade é que, como está é um desconforto. Damos o nosso endereço e
a pessoa começa a anotar, nome por nome e quase sempre sentimos nela, ora
curiosidade, ora impaciência. Aguardo
suas valiosas sugestões a respeito.
Junto
estou enviando um folheto comemorativo aos cinco anos da Galeria Trombini.
Como é, vai sobrar um tempinho aí
nos seus afazeres para voltar a estas paragens e nos dar o grande prazer de sua
presença? Espero que sim e para breve.
Meus agradecimentos pelos folhetos, pela Antologia*e principalmente pela
atenção de que tenho sido alvo, sem dar, como seria de meu dever, a devida
retribuição.
O
fraternal abraço do
Nazir
·
Lycurgo
pertence à Academia de Letras dos Campos Gerais, sediada em Ponta Grossa. Ocupa a cadeira n° 002 com o
pseudônimo de Porthus Mariani.. Em nossa troca de correspondência recebi dele
um exemplar de cada uma das três antologias publicadas pela Academia. Na
antologia n° 1 publicada em 2000,
Lycurgo presenteia Antonina com seis produções poéticas com temas que enfocam
lugares e lendas daquela cidade. Na antologia n° 2, publicada em 2003 é a vez
de Morretes premiada com 10 produções em prosa e verso.. Na antologia n° 3
publicada em 2005 são 15(quinze) trabalhos em prosa e verso com temas de
caráter geral(9) com temas de
Morretes(2) e de Ponta Grossa (4)
De Lycurgo para mim:
Ponta Grossa, 3 de julho de 2001
Recebemos
com muito apreço sua fraternal correspondência de 24 de março de 2001. Meus
parabéns pela sua “computadorização” e minhas excusas pela demora desta
resposta.
Agradecemos a remessa do folheto comemorativo aos 5 anos da Galeria Trombini. Mais tarde escreveremos a respeito. Agora o assunto é o Zé Pereira, não o Zé Pereira do entrudo* mas o Zé Pereira do nosso Largo do Aconchego.
Agradecemos a remessa do folheto comemorativo aos 5 anos da Galeria Trombini. Mais tarde escreveremos a respeito. Agora o assunto é o Zé Pereira, não o Zé Pereira do entrudo* mas o Zé Pereira do nosso Largo do Aconchego.
Todos
nós morreteanos sabemos a contento que Morretes nasceu de frente para o
Nhundiaquara (Cubatão de antigamente). Taba dos Carijós, posto dos canoeiros do
Contrato, o primeiro caminho do povoado, o caminho histórico, partiu da Rua de
Baixo(atual Coronel Modesto), passando pelo Rubicundo (barranca da Cachoeira da
Vergonha), rua da Matriz(atual General Carneiro), Rua da Boa Vista(atual João
de Almeida), Largo Telles(atual Largo José Pereira dos Santos Andrade)
terminando no Largo da Parada(atual Lamenha Lins).
Desse caminho pioneiro, dos rastros autóctones, das pegadas adventícias, partiram todos os outros caminhos que urbanizam atualmente a nossa Terra.
Mas veja o esquecimento, não existe nenhuma ruazinha com o nome Carijó,nem uma referência na Praça das Nações, onde estão ausentes também os africanos.
O Largo Telles, quando mudou de nome, ficou nominalmente do mesmo tamanho. Agora, acrescentar o “Santos Andrade” é colocar santo demais na mesma capela.
José Pereira dos Santos Andrade ficaria bem melhor noutro logradouro, na Praça das Nações, por exemplo, (antiga Rômulo Pereira).*
O José Pereira convive bem com o Largo do Aconchego. O Santos Andrade despoetizou, concordo com você.
Desse caminho pioneiro, dos rastros autóctones, das pegadas adventícias, partiram todos os outros caminhos que urbanizam atualmente a nossa Terra.
Mas veja o esquecimento, não existe nenhuma ruazinha com o nome Carijó,nem uma referência na Praça das Nações, onde estão ausentes também os africanos.
O Largo Telles, quando mudou de nome, ficou nominalmente do mesmo tamanho. Agora, acrescentar o “Santos Andrade” é colocar santo demais na mesma capela.
José Pereira dos Santos Andrade ficaria bem melhor noutro logradouro, na Praça das Nações, por exemplo, (antiga Rômulo Pereira).*
O José Pereira convive bem com o Largo do Aconchego. O Santos Andrade despoetizou, concordo com você.
Com os votos de saúde e bem estar extensivos à Exma. Família, o “arrivederci” e o grande abraço de sempre.
Cordialmente
Lycurgo
- Entrudo : nome antigo de Carnaval. Zé Pereira: nome de uma marchinha muito cantada nos Carnavais de antigamente.
- A rua Romulo José Pereira, inicia-se na atual Praça dos Imigrantes (apelidada Praça das Nações) e segue adiante atravessando a rua 15 de Novembro e indo terminar na rua Conselheiro Sinimbu. Interessante que se o nome deste último logradouro fosse nome mesmo e não apelido, ficaria mais fácil trocar o Praça das Nações pelo de Praça Santos Andrade.e aí a solução proposta pelo Lycurgo caberia como uma luva.A Praça das Nações passaria a chamar-se Praça Santos Andrade, salvando-se a homenagem devida ao ex Prefeito Rômulo José Pereira, e o Largo José Pereira dos Santos Andrade, receberia o poético nome de Largo do Aconchego..O nome Praça dos Imigrantes “amarra” pelo seu significado uma vez que se refere às quatro etnias(portuguesa, alemã, italiana e japonesa) que foram responsáveis pelo sadio fluxo migratório que o município recebeu. Diante de tudo isso não vejo outra solução senão aquela que sugeri em meu artigo: apelidar. Nesta Terra e também em outras paragens apelidam-se logradouros sem a menor cerimônia e “impunemente”. A Alameda João de Almeida também se chama Rua das Flores. A Praça dos Imigrantes, acabamos de ver, também se chama Praça das Nações. Por que o Largo Dr. José Pereira dos Santos Andrade não se chamaria também Largo do Aconchego.?,
Agora o comentário em versos que esse trovador maravilhoso me enviou juntamente com a carta.
LARGO DR. JOSÉ PEREIRA
Cognominado de Largo do Aconchego
este
logradouro escreveu o nome por ex-
tenso
atualmente(Largo Dr. José Pereira
dos Santos
Andrade)
Este
Largo antigamente
Largo Telles se chamou
E o conchego
deste largo
Quanta
história aconchegou
Pois
até José Pereira
Que
este largo homenageou
Acatando
o nome antigo
O
seu nome abreviou
História
e poesia
Seja
aqui, seja onde for,
Seja
Telles ou Pereira
Tem
conchego e tem amor
O seu nome encompridou
O conchego é sempre o mesmo
Compridão, despoetizou.
Porthus
Mariani
Em dias do mês de março próximo passado, obtive o endereço e o telefone do Lycurgo, graças ao confrade Marcelo Geraldo Matos, um pontagrossense que aportou em nosso rincão onde ocupa na Justiça o cargo de escrivão criminal.. e, ao que tudo indica, caminha para se tornar um morretense adotivo.Com o número do telefone não perdi tempo. Consegui um contacto com o Lycurgo, pedi notícias e ele me disse que tudo estava bem com exceção de um edema em um dos pés.do qual estava se tratando. Prometi uma visita, ele alegremente disse que me aguardava. Tão logo surgiu a oportunidade, embarquei num ônibus da Princesa dos Campos, com a Zelinda “a tiracolo” e embarcamos ao encontro do grande amigo.. Chegamos por volta das 14 horas, à modesta mas acolhedora residência situada no Bairro Uvaranas, e ali permanecemos até as 17 horas. Foram 3 horas de agradabilíssimas conversas e pudemos constatar que apesar dos noventa e seis anos o nosso anfitrião revelava uma lucidez de fazer inveja e muita vitalidade apesar dos cuidados no caminhar a que se obrigava por causa da perna doente..Tiramos fotos que vão aqui publicadas
Bem amigos, já falei demais.
Mas terei prazer em oportunamente voltar
a esse assunto.
Um abraço a todos do
Nazir