LONGINUS
Segundo nos relatam os evangelhos, um
militar romano, atravessou com uma
lança, o corpo do Mestre, pendente na cruz, para que, se Ele ainda vivo
estivesse , sua morte fosse apressada e, constatada ela, fosse garantido o
respeito à lei judaica que determinava
já deverem estar cumpridas as execuções dos condenados, no dia seguinte ao da
crucificação, dia de sábado. Como nenhum
dos evangelistas cita o nome do militar romano
que faria parte da guarnição presente no episódio da crucificação,
preferi, para falar dele, usar como fonte de pesquisa e informação uma obra
psicografada. Antes, com a permissão dos meus tolerantes leitores,
principalmente os não espíritas, que sei que me lêem, quero
justificar a escolha dessa fonte.
Essenciais para que a psicografia
aconteça e que dela brotem, desde simples mensagens até livros em grande número,
dois fatores: o medianeiro, que também chamamos médium, ou seja, aquele encarnado que tem a faculdade de fazer chegar
até nós outros, com exatidão, o que o
espírito transmite pela psicografia; o espírito comunicante, autor do trabalho,
que o faz valendo-se dos conhecimentos hauridos nas inúmeras existências já
vividas por aqui, e dos arquivos do mundo espiritual que possui, em
avançadíssimos sistemas colocados à
disposição dos pesquisadores do lado de lá,
todos os relatos sobre a história da humanidade.
Ambos, medianeiro e espírito
comunicante, devem inspirar-nos confiança na autenticidade de que tudo o que
relatam é autêntico, e para isso concorrem as convicções que muitos anos de
estudo nos propiciaram: a codificação comandada por Allan Kardec e contida nos
cinco livros básicos do Espiritismo; a moral inatacável de Francisco Cândido
Xavier, o medianeiro, e a demonstração clara e insofismável da autoria do
escritor Humberto de Campos do livro que
serviu de fonte para falarmos de Longinus, o legionário romano que se
tornaria cristão e que seria martirizado e morto como o foram tantos outros mártires do Cristianismo. O
livro que tem o título “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, conta a história do Brasil de acordo com os
planos que no Mundo Espiritual foram traçados e que deverão levar a nossa Pátria a desempenhar importantíssimo papel no
futuro do mundo, pode ser lido por qualquer interessado, bastando que procure
para empréstimo em qualquer centro espírita que possua biblioteca. ou que o
adquira numa das livrarias que tenha um setor de livros espíritas. É bom
lembrar que a Federação Espírita do Paraná mantém na praça Osório, esquina com
Alameda Cabral a Livraria Mundo Espírita onde o livro certamente pode ser
encontrado Situemo-nos agora no capítulo 20 do livro, que tem o título D.PEDRO
II . É nele,que depois de referir-se aos episódios da independência no capítulo
anterior, Humberto de Campos dá continuidade às referências sobre o fatos
históricos,e nos dá a conhecer o personagem, em foco nesta página. Passemos então a palavra ao escritor:
“Definitivamente proclamada a
Independência do Brasil, Ismael leva ao Divino Mestre o relato de todas as
conquistas verificadas, solicitando o amparo do seu coração compassivo e
misericordioso para a organização
política e social da Pátria do Evangelho.
Corriam os primeiros meses de 1824,
encontrando-se a emancipação do país mais ou menos consolidada perante a
metrópole portuguesa. As últimas tropas reacionárias já se haviam recolhido a
Lisboa sob a pressão da esquadra brasileira nas águas baianas.
No Rio de Janeiro, transbordavam
esperanças em todos os corações; mas os estadistas topavam com dificuldades
para a organização estatal da terra do cruzeiro. A Constituição, depois de calorosos debates e dos famosos incidentes dos Andradas, incidentes que haviam
terminado com a dissolução da Assembléia Constituinte e com o exílio, desses notáveis brasileiros, só fora aclamada
e jurada justamente naquela época,, a 25 de marco de 1824. Nesse dia, findava a
mais difícil de todas as etapas da
independência e o coração inquieto do primeiro imperador podia gabar-se de
haver refletido, muitas vezes, naqueles dias turbulentos, os ditames dos
emissários invisíveis que revestiram as suas energias de novas claridades para
o formal desempenho da sua tarefa nos primeiros anos de liberdade da pátria.
Recebendo as confidências de Ismael, que apelava para a sua misericórdia
infinita, considerou o Senhor a necessidade de polarizar as atividades do
Brasil num centro de exemplos e de virtudes para modelo geral de todos.
Chamando Longínus a sua presença, falou com bondade:
-- Longínus, entre as nações do orbe
terrestre, organizei o Brasil como o coração do mundo. Minha assistência
misericordiosa tem velado constantemente pelos seus destinos e, inspirando a
Ismael e seus companheiros do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das
nações ricas e poderosas fragmentassem o seu vasto território,cuja configuração
geográfica representa o órgão do sentimento no planeta,como um coração que deverá
pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva e cuja evolução
terá de dispensar, logicamente, a presença contínua dos meus emissários para a solução
de seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os povos têm a sua maioridade,
como os indivíduos, e se bem não os percam de vista os gênios tutelares do
mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a liberdade de ação, a
fim de aferirmos o aproveitamento das lições que lhe foram prodigalizadas.
“Sente-se
o teu coração com a necessária fortaleza para cumprir uma grande missão na
Pátria do Evangelho?
- Senhor – respondeu Longínus, num misto
de espectativa angustiosa e de refletida esperança – bem conheceis o meu
elevado propósito de
aprender as vossas lições divinas e de servir à causa das vossas bondades
sublimes, na face triste da Terra. Muitas existências de dor tenho
voluntariamente experimentado, para gravar no íntimo do meu espírito a
compreensão do vosso amor infinito, que não pude entender ao pé da cruz dos
vossos martírios no Calvário, em razão dos espinhos da vaidade e da
impenitência, que sufocavam naquele tempo, a minha alma. Assim, é com indizível
alegria, Senhor, que receberei vossa incumbência para trabalhar na terra
generosa, onde se encontra a árvore magnânima da vossa inesgotável
misericórdia.
Seja qual
for o gênero de serviços que me forem confiados, acolherei as vossas
determinações como um sagrado ministério.
-Pois
bem- redargüiu Jesus com grande piedade - essa missão se for bem cumprida por
ti, constituirá a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do
esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem o máximo de renúncias e
devotamentos. Serás imperador do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita
maioridade, como nação. Concentrarás o poder e autoridade para beneficiar a
todos os seus filhos. Não é preciso encarecer aos teus olhos a delicadeza
e sublimidade desse mandato porque os
reis terrestres quando bem compenetrados das suas elevadas obrigações diante
das leis divinas,sentem nas suas coroas efêmeras um peso maior que o das
algemas dos forçados. Autoridade, como a riqueza, é um patrimônio terrível para
os espíritos inconscientes dos seus grandes deveres. Dos teus esforços se
exigirá mais de meio século de lutas e dedicações permanentes. Inspirarei as
tuas atividades; mas considera sempre a responsabilidade que permanecerá nas
tuas mãos. Ampara os fracos e os desvalidos, corrige as leis despóticas e
inaugura um novo período de progresso moral para o povo das terras do Cruzeiro. Institui, por toda
parte, o regime do respeito e da paz no continente, e lembra-te da prudência e da fraternidade
que deverá manter o país nas suas relações com as nacionalidades vizinhas. Nas
lutas internacionais, guarda a tua espada na bainha e espera o pronunciamento
da minha justiça, que surgirá sempre, no momento oportuno. Fisicamente
consideradas, todas as nações constituem o patrimônio comum da humanidade e,se
algum dia for o Brasil menosprezado, saberei providenciar para que sejam
devidamente restabelecidos os princípios da justiça e da fraternidade
universal. Procura aliviar o os
padecimentos daqueles que sofrem nos martírios do cativeiro, cuja abolição se verificará
nos últimos tempos do teu reinado. Tuas lides terminarão ao fim deste século, e
não deves esperar a gratidão dos teus contemporâneos; ao fim delas será alijado
da tua posição por aqueles mesmos a quem proporcionares os elementos de cultura e liberdade. As mãos aduladoras,
que buscam a proteção das tuas, voltarão aos teus palácios transitórios, para
assinar o decreto da tua expulsão do solo abençoado, onde semearás o respeito e
a honra, o amor e o dever, com as lágrimas redentoras dos teus sacrifícios.
Contudo, amparar-te-ei o coração nos angustiosos transes do teu último resgate no planeta das
sombras. Nos dias da amargura final,minha luz descerá sobre teus cabelos
brancos, santificando a tua morte. Conserva as tuas esperanças na minha
misericórdia, porque, se observares as minhas recomendações, não cairá uma gota
de sangue no instante amargo em que experimentares o teu coração
igualmente trespassado pelo gládio da
ingratidão. A posteridade porém, saberá
descobrir na marca dos teus passos na terra, para se firmar no roteiro da paz e
da missão evangélica do Brasil.
Longínus recebeu com humildade a
designação de Jesus, implorando o socorro de suas inspirações divinas para a
grande tarefa do trono.
Ele nasceria no ramo enfermo da
família dos Braganças; mas todas as enfermidades têm na alma as suas raízes
profundas. Se muitas vezes parece permanecer a herança psicológica, é que o
sagrado instituto da família, dentro da lei das afinidades, frequentemente se
perpetua no infinito do tempo. Os antepassados e seus descendentes,
espiritualmente considerados, são, às vezes,
as mesmas figuras sob nomes vários, na árvore genealógica, obedecendo aos
sábios dispositivos da lei de reencarnação. Foi assim que Longínus preparou sua
volta à Terra, depois de outras existências tecidas de abnegações edificantes
em favor da humanidade e, no dia 2 de dezembro de 1825, nascia de D Leopoldina, a virtuosa esposa de
D. Pedro,aquele que seria no Brasil o grande imperador e que, na expressão de
seus próprio adversários, seria o maior de todos os republicanos de sua pátria.”
Voltemos agora ao plano espiritual imaginando
um reencontro de Longínus, tendo já envergado a vestimenta física como
imperador do Brasi, com Jesus que lhe outorgara o mandato, honrado com
galhardia pelo fiel servidor. Alguns
traços biográficos garimpados aqui e ali que transcrevo dão-nos uma idéia,
começando com a honrosa alcunha de “o magnânimo”.
Herdando um império no limiar da
desintegração Pedro II transformou o Brasil numa potência emergente internacional,
a nação cresceu para disatinguir-se de seus vizinhos hispano-americanos devido
a sua estabilidade política, a liberdade de expressão, zelosamente defendida,
respeito aos direitos civis, a seu crescimento econômico vibrante e
especialmente por sua forma de governo, uma funcional monarquia parlamentar
constitucional.
Apesar de não haver desejo de uma
mudança na forma de governo da maior parte dos brasileiros, o Imperador foi
retirado do poder num súbito golpe de estado que não tinha maior apoio fora de
um pequeno grupo de líderes militares que desejavam uma república governada por
um ditador. Pedro II havia se cansado da posição de imperador e se tornado
desiludido quanto às perspectivas do futuro da monarquia apesar de ser grande
apoio popular. Ele não permitiu qualquer medida contra sua remoção e não apoiou qualquer tentativa
de restauração da monarquia. Passou os
seus últimos dois anos na Europa vivendo só e com poucos recursos. O reinado de
Pedro II veio a um final incomum – ele foi deposto apesar de altamente
apreciado pelo povo e no auge de sua popularidade e algumas de suas realizações
logo foram desfeitas visto que o Brasil deslizou para um longo período de
governos fracos, ditaduras e crises constitucionais e econômicas. Os homens que
o exilaram logo começaram a enxergá-lo como um modelo para a república
brasileira. Algumas décadas após sua morte sua reputação foi restaurada e seus
restos mortais foram trazidos de volta ao Brasil como os de um herói nacional.
Sua reputação perdura até o presente. Os historiadores o enxergam numa visão
extremamente positiva sendo considerado por vários o maior brasileiro.
Pedro II era também poeta, fruto do
seu amor à cultura à qual deu a maior importância no seu reinado. De sua
produção poética transcrevo seis sonetos: o primeiro composto quando, ainda na vida física, mas já no
exílio está contido na História poética do Brasil de Jamil Almansur Haddad. Os
outros cinco, figuram no Parnaso de Além Túmulo, livro de poesias mediúnicas
sobre o qual já tratei numa postagem deste blog:
(Sem título)
Não maldigo o rigor da iníqua sorte
Por mais atroz que seja e sem piedade
Arrancando-me o trono e a majestade
Quando a dois passos só estou da morte
Do pego das paixões minha alma forte
Conhece a fundo a dura realidade
Pois se agora nos dá felicidade
Amanhã tira o bem que nos conforte
Mas a dor
que excrucia, a que maltrata,
A dor
cruel que o ânimo deplora
Que fere o
coração e quase mata,
É ver da
mão fugir à extrema hora
A mesma
boca lisonjeira e ingrata
que tantos
beijos nela pôs outrora!
Transcritas do Parnaso
de Além Túmulo
MEU BRASIL
Longe do meu Brasil,
triste e saudoso
Bastas vezes sentia,
mal desperto,
Com o coração
pulsando, estar já perto
Do pátrio lar risonho
e bonançoso.
E deplorava o rumo
escuro e incerto
Do meu desterro amargo
e desditoso,
Desalentado e fraco,
sem repouso,
O coração em úlceras
aberto.
Enviava a chorar, na
aura fagueira,
Minhas recordações em
terna prece
Ao torrão que adorara
a vida inteira;
Até que a acerba dor,
enfim, pudesse
Arrebatar-me à
vida verdadeira.
Onde a luz da verdade
resplandece.
ROGATIVA
Magnânimo Senhor que os orbes cria
Povoando o Universo ilimitado,
Que dá pão ao faminto e ao
desgraçado
E ao
sofredor os raios da alegria,
Se, de
novo, no mundo, desterrado,
Necessitar
viver inda algum dia,
Que
regresse ditoso ao solo amado
Da
generosa pátria que eu queria
Se é
mister retornar a um novo exílio,
Seja o
Brasil, lá onde eu desejara
Ter
vertido o meu pranto derradeiro
Que,
novamente viva sob o brilho
Da mesma
luz gloriosa que eu amara,
Na
alcandorada terra do Cruzeiro.
PÁGINAS DE
GRATIDÃO
Tangendo
as cordas da harpa da saudade,
Venho ao
Brasil buscar a essência pura
Do amor da
pátria minha, da doçura
Da flor
cheia do aroma da amizade
Prende-me
o coração a suavidade
Desse
arroubo de afeto e de ternura
Dalma do
povo meu, que de ventura
E de
alegria o espírito me invade
Do
misterioso aquém da morte eu vejo
Sentindo,
essa onda intensa e luminosa
Da
afeição, que idealiza o meu desejo:
E tendo a
gratidão por companheira
Volvo ao
pátrio torrão de alma saudosa,
Amando
mais a Terra Brasileira
ORAÇÃO AO CRUZEIRO
(No cinqüentenário da Abolição)
Luminosas
estrelas do cruzeiro
Iluminai a
terra da Esperança
Na doce
proteção de um povo inteiro
Onde a mão
de Jesus desce e descansa.
Símbolo
sacrossanto de aliança
De paz e
amor do Eterno Pegureiro,
Guardai as
claridades da Bonança
Na
vastidão do solo brasileiro.
Constelação
da Cruz cheia de graças
Transfundi
numa só todas as raças,
No país da
esperança e da bondade
Que o Brasil,sob a luz da tua
glória,
Posso escrever, no mundo, a grande
história
Das epopéias da Fraternidade.
BRASIL DO BEM
Eis que o campo de sombra se
esfacela
No doloroso e amargo cativeiro
Da guerra que ameaça o mundo
inteiro,
Qual furacão no auge da procela
Mas na amplidão do solo brasileiro
Outra expressão de vida se revela
Nalma cariciosa, heroica e bela,
Que se engrandece ao brilho do
Cruzeiro
Grande Brasil do Bem e da Abastança,
Deus te guarde os tesouros da
esperança,
Desde as luzes dos céus à luz dos
ninhos!
Segue à frente do mundo aflito e errante
E alça o pendão pacífico e
triunfante,
Como a doce promessa nos
caminhos!...
Caro leitor:
Agradeço a sua atenção e
paciência.Até a próxima. Com os abraços do
Prof. Nazir
Parabéns Nazir.
ResponderExcluirPelo excelente trabalho de pesquisa sobre o assunto "Longinus".
Acompanhei a tua dedicação e o grande esforço, para que o resultado fosse esse tão maravilhoso.
Sinto muito orgulho de vc e de sua capacidade de se expressar tão bem...
Te amo ...
Professor, mais uma verdadeira aula que recebemos.
ResponderExcluirObrigado.
Abraēos.
Éric