sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MIGUEL SCHLEDER ( III )


            Antes de dar início à última etapa deste trabalho,  com a transcrição da biografia de Miguel Schleder, quero dar ênfase  à revelação contida na  página 2 e  que destaco em negrito : Miguel Schleder iniciou sua carreira no magistério público em Morretes. De fato, por  ter sido um professor  brilhante,  que pelo seu esforço e capacidade de superação   é um exemplo de vida,  Miguel Schleder já mereceria que seu nome fosse dado a um estabelecimento de ensino daqui. Mas o motivo da homenagem se torna mais significativo,  pelo elo de ligação que passou a existir,  ao iniciar ele  em Morretes, sua carreira no magistério público.



MIGUEL SCHLEDER -  BIOGRAFIA

            O Dr. Sebastião Paraná assim traça a sua biografia (ver “GENEALOGIA PARANAENSE” ), de Francisco Negrão, vol. 6, pgs 392 a 395 –edição 1950) :

            Da torre ebúrnea de minha gratidão sincera tenho hoje o gáudio de tanger dos sinos o mais sonoro em memória de um conterrâneo que se fez digno do preito de seus pares.

            Refiro-me ao prof. Miguel Schleder, de saudosíssima lembrança. Nunca vem tarde o conserto de uma falta. É sempre oportuna a reparação de uma injustiça.

            Nomes de paranaenses diletos, beneméritos mesmo, têm sido merecidamente designados para a denominação de casas, de grupos escolares, em diferentes localidades do Estado. Entretanto está sendo esquecido, injustamente olvidado, o nome respeitável de Miguel Schleder, do Professor Miche, como era também conhecido: desse conhecido e esforçado didata,  que soube cumprir o seu dever de preceptor com solicitude, zelo e reconhecida competência profissional.

            Ao Prof. Miguel Schleder devo a minha iniciação nos altos mistérios do curso elementar. A ele, a esse emérito educador, mais de uma geração de homens que se distinguem hoje nas ciências e nas letras deve a luz intelectiva,  que é a mais insigne das luzes.

            Assim sendo, a memória desse esforçado lapidador de cérebros juvenis merece a nossa veneração inteiriça e cordial. Seu nome é digno da homenagem de todos nós e da posteridade.

            Foi um paranaense que se consagrou inteiramente à instrução da puerícia de sua terra. Pela sua dedicação, pelo afeto ao ensino, tornou=se um dos mais acatados e competentes educadores do seu tempo. Sua vida é  um belo exemplo para a mocidade de hoje,que é a esperança da Pátria e a guarda avançada da República. Fez-se por si. Com seus próprios esforços abriu brecha e avançou impávido, lutando muito e avançando sempre. De aprendiz de ferreiro que foi na infância chegou à cátedra de lente do principal instituto de ensino secundário da ex-Província do Paraná – o Instituto Paranaense, hoje Ginásio Paranaense. (Nota: na atualidade, 1972, Colégio Estadual do Paraná). Nas horas de lazer, quando a forja não crepitava e a bigorna e o malho tiniam,  ele aguçava, adornava, enaltecia, engalanava o seu espírito, que sentia ânsias de voos e revoadas em planos mais elevados, superiores.

            E assim, da oficina de ferreiro ele saiu para entrar armado cavaleiro na oficina do pensamento, onde se fez mestre destacado, a temperar o saber na forja das ciências.

            Conclui com inteligência o Curso Normal.  Iniciou sua carreira no magistério público na cidade de Morretes, de onde mais tarde foi removido para esta Capital. Casando-se com D. Senhorinha Marques, dotada de adoráveis predicados intelectuais e morais, com ela exerceu o magistério durante longos anos, em Curitiba, onde suas escolas eram consideradas modelares.

            Filiado ao Partido Conservador foi um dos colaboradores mais distintos da imprensa sisuda e aguerrida de sua facção política.

            Em 1888 o Prof. Schleder conquistou – mediante brilhante concurso – a cadeira de Geografia, Retórica e Poética do Instituto Paranaense e da Escola Normal. Para a obtenção desse posto honroso escreveu e sustentou as teses seguintes:  “Geografia Física da América” e “ Leis que Separam ou Aproximam as Escolas Realista e Idealista”. As provas que exibiu foram completas, sendo por isso bem classificado e nomeado lente catedrático da aludida cadeira.

            No antigo Instituto, que depois tomou o nome de Ginásio Paranaense,  lecionou durante alguns anos, até que a morte, num prélio desigual, o venceu,  ainda no exercício de sua dignificante labuta em prol da mocidade estudiosa de sua terra natal.

            Com ufania recordo agora, em rápidas excursões, o nome desse paranaense ilustre e a quem a nossa instrução pública primária e secundária deve serviços relevantes; e o faço com alarido, com alvoroço, esperançado,  certo mesmo de que com esta intemerata rememoração o seu nome será colocado em o frontal de algum estabelecimento de ensino público do Paraná, podendo-se então repetir o velho provérbio: - A justiça tarda, mas não falha”.



“Saudoso mestre, aceita estas palavras como prova inconcussa de minha gratidão imperecível. Mando-te esta recordação esta lembrança à falta de coisa melhor. Aceita-a. É singela, pobre, mas sincera, verdadeira.”

                                            .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Ainda registra FRNCISCO NEGRÃO:

Professor Miguel José Lourenço Schleder, falecido na cidade da Lapa em 18 de janeiro de 1892, já em estado de viúvo da Profª. Senhorinha Eulália Marques Schleder, filha do Cap. João Gonçalves Marques e de sua mulher Rita de Mendonça Marques; por esta era neta de Manuel Francisco de Mendonça e de Eugênia Maria de Mendonça; por seu avô materno era bisneta de Antonio Francisco de Mendonça e de sua mulher Joana Rosa da Trindade. Foi emérito educador a cujo mister se dedicou com entranhado devotamento e competência. Caráter inquebrantável, sem conhecer a lisonja, não se preocupava com os potentados nem com o seu bem estar individual, sofreu várias injustiças de caráter político,  que mais lhe abateram o ânimo.

Filhos:

            Maria Eugênia Schleder da Cunha Marques, Nenê, viúva de Pedro Leite da Cunha Marques, que foi 1° Escriturário da Alfândega de Paranaguá, e depois de Corumbá. Sem filhos.

          Edgar Schleder,telegrafista em Santo Antonio do Madeira, no Estado do Amazonas, onde se casou com Laura Schleder.

       Sylvia Schleder de Camargo, que foi casada com Sezefredo de Camargo.

       Eugênio Schleder foi casado com Luiza de Oliveira. Ele já falecido. Filhos : Sylvio Schleder, estudante da Escola Militar, Maria Eugênia e Evaldo.

     Senhorinha Schleder,  casada em Mato Grosso com Joaquim Mariano.

    Major Dr. Sylvio Schleder, hábil e ilustre engenheiro militar. Caráter diamantino, faz honra à sua terra natal. É solteiro e vive no Rio de Janeiro, em companhia de sua digna irmã Nenê e de sua tia Maria da Luz.

Nota: Os dados supra foram colhidos na mencionada GENEALOGIA PARANAENSE, de Francisco Negrão,  na sua edição única, que data de 1950.

             Hoje, em 1972,  diríamos que os filhos de MIGUEL SCHLEDER, já são todos falecidos, e, mais, o Sylvio que era estudante da Escola Militar é general reformado; e o Sylvio que Major, faleceu no posto de coronel...

                                                                           Curitiba,30.10.72



                                                                        ( a ) Lauro Schleder

Um comentário:

  1. Parabens seu Nazir pelos textos apresentados e pelo seu trabaho de hitoriador.
    Abraços
    Diac. Narelvi

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